Organização
das Cartas Náuticas do Guardian
Desde
o início de nossa viagem que um dos aspectos que mais nos dedicamos
foi a organização das Cartas e Guias Náuticos
que vamos utilizar em determinado trecho do cruzeiro.
Talvez
até por aspectos ligados a nossa profissão, arquiteto,
que exercemos toda a vida, este fator tenha nos direcionado para
o trabalho minucioso de nossa cartografia de bordo, diríamos
até de forma mais arquitetônica, nossas “plantas
de bordo”.
O
fato é que o hábito da profissão se adequou de forma
total a tudo no GUARDIAN.
Assim
passamos a ter nossas cartas organizadas da seguinte forma:
De
início a Carta Guia, como chamamos, onde estão marcadas as
demais do jogo e sua área de abrangência.
Além
de numeração oficial, damos a nossa numeração
própria, o que facilita a qualquer momento cotejarmos e compararmos
as informações da carta com nosso Memorial Descritivo.
A consulta se torna rápida e eficaz.
Este
memorial é produto de vários fatores, consulta aos
Guias Náuticos, informações de cruzeiristas
e do Programa C-Map de computação, onde estão
todas as cartas náuticas do mundo, com detalhes em Zoom,
coordenadas imediatas, e as marés para o horário desejado,
alem de muitos mais detalhes.
Assim
formamos nosso Caderno de Navegação, que quando terminado
já se encontra a um passo para elaboração de
nossos livros. Durante a efetiva navegada vamos apondo os fatos,
detalhes e outros que nos ajudarão, no tempo certo, a compor
finalmente o livro, ou texto que desejamos fazer.
A
medida que fomos ganhando mais experiência, mais fomos evoluindo
em nossa organização cartográfica.
Na
navegada pela Melanésia, Nova Caledônia, Vanuatu e Ilhas Salomão,
já estávamos muito bem organizados. Posteriormente
na Grande Barreira de Corais da Austrália, a coisa já
ia a preciosismos e hoje diríamos, sem medo de estar faltando
com a verdade, que dispomos de um excelente padrão e técnica
organizacional em nossa cartografia, tanto que muito amigos cruzeiristas
preferem aguardar o nosso trabalho para então fazerem as
copias xerox de nosso jogo cartográfico já pronto.
Como
o Memorial Descritivo, propositadamente é redigido em Português,
evitamos de fornecê-los. Esta é uma forma de se fazer um
trocado por fora, que nos ajuda a fazer frente as despesas de Xerox, encadernações, printar, etc.
Posteriormente
as navegadas pela Indonésia, ilhas Mentawai, Tailândia e
Malásia, onde nos encontramos no momento, tudo dentro e obedecendo
os mesmo ditames.
Através
do nosso computador de bordo, fomos organizando até de forma
mais bem acabada, todo este processo. Tudo é feito e preparado
com bastante antecedência, por vezes até com 3 a 4
anos, de tal sorte que as informações tendem a se
tornar cada vez maiores e melhores, nada é feito de pronto
ou em cima da perna, isto não funciona em cruzeiro e se feito
pode trazer grandes dissabores e até acidentes.
Fazemos
as copias xerox de todas as cartas que irão compor o trecho,
as colorimos com hidrocolor, os limites dos continentes e ilhas.
E, fazemos as dobraduras do papel com a parte branca para fora,
evitando o contato com outro material e tirando o “tonner”
da xerox. Na parte superior esquerda colocamos os dizeres da carta.
Exemplo:
62000/USA – RED SEA – CHEGADA NO RED SEA – SG/27
este numeral representa nossa numeração própria,
série GUARDIAN, NUMERO 27.
Após
todo o conjunto de cartas e Memorial completos, colocamos em pastas
plásticas transparentes, grandes, nunca enroladas, dobradas
e hermeticamente fechadas.
Nas
cartas estão plotados, todos os waypoints do trecho e a navegação
estimada proposta, de tal sorte que temos tão somente que
analisarmos o projetado proposto com o efetivamente realizado.
Uma
das grandes vantagens que temos em tal processo, é que ao
prepararmos o conjunto de cartas, selecioná-las, colori-las, colocar
os waypoints, redigirmos e compormos o Memorial Descritivo,
acabamos por conhecer geograficamente e em detalhes, muito bem a
área que iremos navegar. Quando no final da navegação sabemos bem
tudo, ou quase tudo a respeito do local, pois, aprendemos em nossa
vida e nestes anos de cruzeiro, que conhecer tudo nunca se conhece,
somente os gênios e meninotes, já realizados na vida e na vela, com
dois anos de velejadas, donos da verdade, é que sabem de tudo. Ainda bem que não estão
fazendo cruzeiro pelo mundo e só velejando na Baia de Guanabara
!!!!
Como
ainda vamos estar bom tempo neste eixo, Tailândia/Malásia,
começamos desde já a compormos o nosso jogo cartográfico
para o trecho; Tailândia/Nicobar/Sri lanka/Ihas Maldivias/Mar Vermelho/Canal
de Suez.
A
parte de cartas e Guias já se encontram prontas estamos agora
elaborando o Memorial Descritivo, isto feito com 4 anos de antecedência
e com a facilidade de em Langkawi ser tudo bem mais em conta e contarmos
com materiais gráficos de todo mundo, por se tratar de porto
livre.
Quanto
ao Egito, Chipre e Turquia, estaremos concluindo até ao final
deste ano de 2003.
A
nossa idéia é até 2008, quando demandaremos
para realizar este percurso, estarmos com tudo totalmente concluído
até Portugal e ilhas atlânticas norte e quando eventualmente
formos ao Brasil, adquirirmos as cartas de Fernando de Noronha a
Maceió.
Quanto
ao nosso sistema de computação a bordo, ainda estamos
com o DESKTOP, que consome muita energia e utilizamos nosso gerador
para alimentá-lo. Assim que tivermos com o LAPTOP, passaremos a
ter o Programa C-MAP constantemente ligado.
A
sistemática atual de utilização da informática
na navegação se prende tão somente a checarmos
eventualmente e a noite a navegação verdadeira com
a estimada no Computador e printá-la para cotejarmos com a do dia
seguinte e vermos o desempenho do GUARDIAN.
Quando
com o LAPTOP, passaremos a ter esta informação permanente
e a qualquer tempo. Do mesmo modo as informações da
meteorologia.
Este
é um aspecto de nossa viagem, que como colocamos no inicio
deste texto, temos muita atenção e prazer em
fazê-lo, o que nos da farta margem de segurança e nos deixa
satisfeito pelo excelente padrão organizacional, coisa que temos notado
não é muito afeto a maioria dos velejadores de cruzeiro.
O
fato é que as cartas náuticas do GUARDIAN, são
bem procuradas e utilizadas.
Recentemente
encontramos com um cruzeirista da Austrália, em Phuket, que
nos veio conhecer e se apresentar, pois navegara todas as ilhas
Mentawai, com nosso jogo de cartas e se mostrava todo satisfeito,
a ponto de pedir para autografássemos a Carta Guia.
Quando
colocamos estes textos e outros, ainda que algumas mentes invejosas
pensem que o fazemos para aparecer, na verdade o intuito maior é
levar ao nossos irmãos e Almirantas, no Brasil, que com toda
certeza irão fazer o mesmo que nós e alimentam este sonho,
a nossa experiência. O que infelizmente como reiteradas vezes
colocamos, não tivemos a mesma sorte. Tivéssemos um
velejador de cruzeiro brasileiro ou pelo mundo, que nos tivesse
fornecido estas informações e teríamos economizado
muitos dólares e dores de cabeça.
Assim
escrevemos nossos textos e livros, com o objetivo permanente de
levarmos nossa experiência e conhecimento adquiridos aos irmãos
brasileiros. Se outros pensam de forma diferente, podem ter absoluta
certeza estão em descompasso com nosso pensamento.
João
Sombra
Langkawi, 2003
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