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Os Crocodilos de Água Salgada
[Matéria publicada na Revista Turismo]

 

Estimados amigos leitores da Revista Turismo,o Guardian, após longo tempo em Mooloolaba aguardando o passar da temporada de furacões do Pacifico Sul,retorna as suas velejadas e aventuras.
No momento,estamos subindo a costa leste da Austrália,explorando a Grande Barreira de Corais,o maior santuário marinho do mundo.

Ao norte da Austrália,iremos adentrar a região dos terríveis crocodilos de água salgada,objeto desta especial matéria.
Originários do norte da Austrália ,estes répteis acabaram por migrar por todos os sítios do Mar de Coral ,através do Arquipélago das Lusiades, ganharam Papua Nova Guine, as Ilhas Salomão, descendo ate as Ilhas norte de Vanuatu, os Arquipélagos de Banks e Torres.

O grande crocodilo de água salgada tem como habitat o fundo de baias,perto dos mangues,onde as águas são turvas.Poderá também ser encontrado na foz dos rios,onde as características das águas são as mesmas.

Ao contrario do q muitos pensam,não é o Grande Tubarão Branco o maior perigo no mar e ,sim,o crocodilo de água salgada,face a total voracidade em ataque.
Aparentemente, este animal liquida todo o ser vivo que adentra em seus domínios, ou quando em migração se torna muito mais agressivo e voraz.

O grande Tubarão Branco,como todo predador,ataca para sua subsistência,em proteção aos filhotes ou em disputa.Como já colocada em matéria escrita e em nosso livro O Guardian na Nova Zelândia, onde narramos nosso mergulho com o Grande Branco,em situações de normalidade não há nenhum perigo.

Todavia, o caso do crocodilo de água salgada é totalmente diferenciado, ataca e sempre em qualquer situação, dentro ou fora d'agua. Em terra é mais rápido que o homem, quando se usa a técnica de se evadir de sua perseguição com zig-zags, quando este animal perde sua velocidade, face à dificuldade de fazer curvas.

O aspecto comportamental do crocodilo de água salgada,ao contrário do pensamentos de muitos, em atacar a tudo e a todos está preso a seu aspecto territorial. Nenhum animal mata por prazer com exceção, lógico, do bicho homem.

O cão, e todos os cinófilos conhecem bem este aspecto, não protege a casa de seu dono e, sim, o seu território,l atindo ou mordendo os intrusos em sua área.

O mesmo ocorre com os tubarões cinzas dos recifes e os peixes de toca, que defendem seus territórios. Com os crocodilos de água salgada ocorre o mesmo fato, e pode ser facilmente comprovado quando estes animais estão em cativeiro, onde perdem sua agressividade, em alguns casos.

Possuidores de uma potência mandibular, com cerca de 1 tonelada e uma força de impacto com a cauda na base de 500kg se tornam muito perigosos no ataque, normalmente mordendo a vítima e levando-a para o fundo d'água, matando-a por afogamento.
Sua velocidade dentro d'água é espantosa podendo nadar submerso cerca de 500 metros.
A única defesa para soltar-se das mandíbulas do crocodilo de água salgada é atingir seus olhos. Todavia, como colocam os aborígines australianos, após uma dentada de 1 tonelada não há ninguém que tenha condições de achar os olhos do "croc", como também é chamado.

Para nós cruzeiristas o fato mais significativo relativo ao "croc" ocorreu na temporada de 1998, na Ilha de Utopua,ao sul das Salomão, onde o Guardian esteve na temporada seguinte, 1999, quando de seu cruzeiro pela Melanésia.

Na ilha de Utopua, no fundo da baia de Basilik, adentrou em junho de 98 um veleiro suíço com um casal na faixa etária dos 50. Contrariando todas as regras de segurança e bom senso, se dirigiu ao fundo da baia, para a região dos mangues e águas turvas, sem perguntar nada aos habitantes do vilarejo mais próximo. Após a ancoragem, o suíço achou por bem se refrescar nas águas turvas dando uma nadada, ainda que contrariando os insistentes apelos da esposa, que alertava sobre a existência de crocodilos no local, e recebia em resposta :
Isto é história, conversa de índios não civilizados!!!!!!!!!!
O fato é, que após 5 minutos de nadar naquelas águas e nas vistas de sua esposa que impotente no convés de seu veleiro assistiu seu marido ser abocanhado pelo "croc" e desaparecer.
 

O fato ocorreu por volta das 16 horas.
Dia seguinte,como de hábito, os locais se acercaram do veleiro para a tradicional venda de legumes,frutas e artesanato, encontraram a esposa debulhada em lagrimas, que narrou o ocorrido.
Charlie, o caçador de "crocs" do local, arregimentou seus companheiros e partiram a procura do corpo do velejador suíço,já que um só crocodilo não tem capacidade de digerir um ser humano. Normalmente, o processo de digestão é muito lento e seu estomago muito diminuto, levando em media 7 dias para digerir uma galinha.

Após exaustivas buscas, foi achado o corpo mutilado do suíço,já sem um braço e uma perna. As formalidades acabaram por demorar 4 dias e o corpo foi sepultado no próprio vilarejo de Nimboa, em Utopua.

A esposa retornou à seus país e amigos da família vieram apanhar o veleiro, terminando o cruzeiro de forma drástica e servindo de exemplo para todos quantos acreditam serem os ataques de crocodilos de água salgada fantasias de nativos.

Quando em Utopua, como colocamos, visitamos o túmulo do cruzeirista suíço, conversamos muito com Charlie, com quem aprendemos muito sobre estes terríveis répteis.

Charlie recebeu dos parentes do suíço uma boa recompensa em espécie, que está aplicando na construção de um cativeiro para "crocs", onde pretende colocá-los para visitação.

O fato é que o crocodilo de água salgada é muito perigoso e todo cuidado deve ser tomado, quando se adentrando as águas em que comprovadamente ou não possa haver existência destes animais .

Da cidade de Cairns, rumo norte no lado leste da Austrália todo o cuidado deve ser tomado e as as autoridades avisam constantemente, através de placas, panfletos, etc, a existência de "crocs", e os locais de suas últimas aparições.
Com até 12 metros, o maior já encontrado, o crocodilo de água salgada pode até ser visto em águas claras e límpidas dos corais, quando em migração, quando sua fome se torna acentuada face a poder ser notado a longa distância, o que não ocorre no seu habitat normal, em águas turvas.

Estamos agora nos últimos dias de Oceano Pacifico, quando ao fim do mês de julho adentraremos ao Golfo de Carpentaria, ganhando o Oceano Índico,com seus mistérios e a cultura exótica do oriente.

O Pacífico ficará na lembrança com suas fantásticas histórias e a nunca esquecidas velejadas do Guardian e seus parceiros, a SOCOCO, o JORNAL DO BRASIL on-line e ARACAJU WEB DESIGN, que nos auxiliam a irmos mais adiante.

Um forte abraço a todos os bons amigos e leitores da REVISTA TURISMO e até o próximo mês.

João Sombra
Diretamente do Guardian,na Grande barreira de Corais da Austrália para a REVISTA TURISMO.


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