Em Rarotonga, todos se sentem muito à vontade, sem aquela
sensação incômoda de ser estrangeiro. Aqui, a vida é barata, alimentação e
frutas da época a bons preços. Uma dica importante é não deixar as Ilhas
Cook com moedas, pois não se troca em nenhum outro lugar. Há moedas de
cinco dólares e de circulação constante. A estadia em Rarotonga não pôde
ser prolongada, face à estação de furacões que já estava chegando. Antes
de sairmos rumo à Fidji, paramos em Palmerston, o paraíso do Pacífico Sul.
Palmerston é um belíssimo atol, constituído de cerca de
vinte pequenos motus, sendo que só o maior deles é habitado. Sua história
é simples e interessante. 'Há muitos anos, um marinheiro inglês aí chegou,
gostou e fixou-se. Casou com uma jovem maori, constituindo a família
Marsters, que proliferou. Mais tarde, algumas maoris foram para a ilha e
se casaram com seus filhos. Antes de morrer, o inglês dividiu a ilha em
quatro partes - uma para cada ramo de sua família - e orientou a todos
sobre os casamentos entre eles, a fim de evitar a consangüinidade. Assim,
foram sendo escolhidas as uniões.' Algumas vezes pode-se notar pequenos
traços de albinismo entre seus habitantes. A divisão permanece até hoje,
mas, quanto às uniões, já são diferentes em função de casamentos com
estrangeiros.
Hoje, a ilha tem um conselho com um representante de cada
família e um quinto membro designado pelo governo das Ilhas Cook, como
voto desempatador, que até então nunca foi usado. Palmerston assemelha-se
muito à Tetiaroa e aos atóis de Toamotus, mas mais bela. Uma barreira de
corais é formada ao redor das ilhas como uma coroa, ora perto, ora longe,
e com uma lagoa de águas azuis cristalinas, mais até do que em Rangiroa em
seu interior. A caça submarina nesta ilha é fantástica. Aqui também há os
chatos, só que mais mansos, em função da fartura de alimentos. Apanhávamos
de tudo: garajubas, olhetes, olhos-de-boi, pampos. Descobrimos que os
badejos não devem ser consumidos, pois estão envenenados com ciguatera.
Acabamos nos acostumando a mergulhar no meio dos chatos. Aí é,
indiscutivelemente, o sonho de qualquer caçador submarino.
Foi em Palmerston que vi, pela primeira vez, os
caranguejos gigantes de coqueiro, conhecidos na Polinésia como "coconut
crabs", animais pré-históricos, que nada têm a ver com os demais
caranguejos. Com aproximadamente 50 centímetros, lembram mais as aranhas,
com garras de caranguejo que, de tão poderosas, podem cortar de uma só vez
um cacho de cocos que, ao caírem no chão, são abertos e comidos
integralmente. A velocidade com que sobem no coqueiro é espantosa, apesar
de lentos quando no chão, o que facilita apanhá-los. Porém, todo cuidado é
pouco, deve-se prestar atenção onde existam restos de coco aberto e os
buracos no chão. São animais de hábitos noturnos. Os "coconuts
crabs" são
uma excelente fonte de alimento, sua carne é saborosa (parecida com
lagosta) e riquíssima em proteínas. Um deles alimenta cerca de cinco
adultos.
Palmerston ficou gravada em nossas lembranças como o
local mais belo, mais simpático e com a gente mais acolhedora. Quem fizer
um cruzeiro pelo Pacífico Sul e não conhecer Palmerston, não conheceu o
paraíso. Daqui, rumamos para a Ilha de Niue.