SEGURANÇA NO MAR
Como não poderia ser de outra
forma, infelizmente nosso texto desta 5ª feira abordará o contexto
em que está envolvido o trágico acidente em Itaparica, Bahia, que
nos privou do convívio com este notável e extraordinário cruzeirista,
o ABEL.
Embora, não seja e primeira e nem
a derradeira vez, que tal episódio ocorreu e ocorrerá em águas
brasileiras, não nos esqueçamos do similar ocorrido com o
internacional velejador da Nova Zelândia, Peter Blake, que ainda
sendo até “Sir”, não o pouparam em águas da Amazônia, maculando a
imagem de nosso país no seio da comunidade náutica internacional.
Infelizmente, e temos desde há
muito inúmeras vezes aposto, que a violência das grandes cidades em
nossa nação, está se transladando para o mar, principalmente nas
águas litorâneas destas cidades.
Para os assaltantes uma dádiva,
já que não existe qualquer tipo de policiamento e o terreno é o mais
que desejado para uma ação delinquente como esta.
Aqui até cabe um singelo
comentário a respeito:
Nossa honrada ARMADA, a
responsável pelo policiamento e salva guarda das águas territoriais
brasileiras contra ações externas e internas, não dispõe das mínimas
condições necessárias e suficientes para exercer tal mister. E não
por sua culpa, mas e sim pela ausência de recursos e repasses
financeiros da união que mal dá para pagar sua folha de pessoal.
Aliás a união pouco repassa as
nossas forças armadas desde que se alçou ao poder o Governo do
Senhor FHC, abertamente falando e sem rodeios, em represália aos
idos de 64.
O trauma e outras “coisitas mais”
aliados a mágoas e sequelas que ganharam notoriedade no governo
atual, basta ter sido terrorista, comunista e outros
”istas”, para ter as benesses do poder.
Não vamos aqui nem mais nos
alongarmos neste campo de idéias, a fim de não ferirmos, ou coisa
similar, aos partidários da “estrelinhas” e do “optei”.
Uma das notáveis dádivas que o
ser humano detém é o “livre arbítreo”, de tal sorte que se pode ter
e agir da forma que se deseja, mesmo que errada.
O que seria de um amarelo podre
se todos somente gostassem de um azul real???
Retornando ao objeto deste nosso
texto, o fato é que hoje em águas litorâneas das cidades em nosso
país, ou se para numa Marina e com segurança 24 horas ou em um Iate
Clube nas mesmas condições, ou então é aquela temeridade, expondo
sua embarcação ao pior, que no mar tem o nome de “Pirataria”!!!
A violência urbana se translada
para o mar e rapidamente, onde somente existem milionários, a
prática do pensamento ignorante existente no Brasil que a náutica é
coisa de milionário.
O próprio mercado náutico dita
esta norma e afirmativa, e a exerce plenamente, pois vemos lojas e
produtos náuticos, nestas, vendidos a peso de ouro, assaltam
literalmente a seus clientes sem que nada venha a ocorrer.
Exatamente processo igual ao da pirataria.
O governo pouco, ou melhor, nada
se importa com tal situação e fecha literalmente seus olhos, até
diríamos mais, torcendo para que mais fatos como estes ocorram, para
ver se os milionários tomam jeito. Pelo menos isto é o que nos leva
aos navegantes brasileiros a pensar.
O brasileiro já há décadas, é
prisioneiro do medo e passageiro da agonia. Está literalmente
escondido dentro de seu apartamento ou casa e rezando que não seja
invadido seu último reduto de segurança.
A oportunidade de ter pelo menos
alguns momentos de paz no mar vai perdendo também esta tranquilidade.
Já foi e se houve tal tempo, hoje nem mais isto é possível.
E atentem bem, que os meliantes
ainda estão a exercer ações despreparadas, em pequenas canoas a
remo. Imaginem quando se prepararem como ocorre com os traficantes e
assaltantes das urbes. Praticarem seus atos levianos em lanchas
rápidas e bem preparadas com motorização especial, etc. O assalto
ocorrerá em no mínimo vinte embarcações em uma só noite,
inicialmente, depois será mesmo a luz do dia e com todos
testemunhando e não fazendo nada de medo, como ocorre em nossas
cidades.
Nada é de se assustar, já que o
que há de melhor está nas mãos dos bandidos e criminosos, a Polícia
detém o que há de pior e a população por força de lei, totalmente
desarmada.
Agradecendo ao Sr. Renan
Calheiros, o defensor incontesti de tal projeto que se tornou lei,
que acabou caindo, recentemente uma de suas inúmeras máscaras, mas
que em suas “fazendas”, ou latifúndios, no interior de Alagoas, e o
conhecemos bem, tem sua própria segurança ilegal e armada até aos
dentes.
E nós voltando a mesma tecla,
harre!!! Desculpem!!!
Nos recordamos daquele inicio de
2007, quando demandávamos de Maceió para o Caribe, em nossa 2ª
viagem volta ao mundo, e nosso ultimo porto no Brasil seria
Fortaleza, que a época as informações eram do tipo:
Ou para o GUARDIAN na Marina
Parque Hotel ou se manda, pois ancorado será assaltado e
possivelmente assassinado em qualquer ancoragem em Fortaleza.
Este dito para Fortaleza hoje se
estende para todo o país.
E o último reduto para se escapar
da violência não mais existe. Diríamos sem medo de estar faltando
com a verdade que se torna muito perigoso hoje, navegar em águas
costeiras do Brasil.
E, sendo a náutica coisa de
milionários, como alguns apedeutas o afirmam, a mesa está posta e o
banquete servido para os assaltantes.
E fazer o que???
A imprensa sempre conivente com
os assaltantes, com as exceções de praxe como a nossa notável
Revista NÁUTICA, de imediato sai em defesa dos pobres e coitados
bandidinhos, tão bonzinhos!!!
Tudo em prol da salvaguarda dos
direitos humanos, somente para os delinquentes, para os homens de
bem nada de direitos, somente pagar e em dia seus impostos
extorsivos.
Isto até que algum deles seja
vítima, quando o mundo desaba na cabeça da polícia e Secretário de
Segurança e é aquele caça às bruxas e apaga incêndio, coisas que os
brasileiros conhecem e bem.
Somente dando um refresco à
memória.
Quando em 2006 estivemos no
Brasil, vimos a audácia dos delinqüentes, chegando a ponto de
assaltarem um quartel do Exército Brasileiro, roubando fuzis
automáticos leves, conhecidos no meio militar como FAL.
A tropa foi para as ruas,
resgatar as armas, independente de óbices ou apostos pelo Governo
Federal.
A imprensa, como de hábito, caiu
de pau em cima.
Arbitrariedade!!!
A Revolução acabou faz tempo!!!
Os militares estão pensando o
que???
Estes tempos já passaram!!!
Nem sequer analisaram o fato de
roubo de uma instituição nacional, um centro das forças armadas da
nação.
A tropa foi para as ruas
encontrou seus armamentos e fim do episódio, temporariamente.
Os traficantes mandam e desmandam
nos mocambos, alagadiços e favelas, nas periferias das grandes
cidades em nosso Brasil. Lá eles são a lei e a exercem plenamente.
Com o tráfico da droga vem a
reboque o das armas e a coisa cresce e se desenrola em progressão
cósmica com razão ano luz.
O governo se omite, a justiça se
cala e a nação fica com suas vergonhas expostas.
O nosso mar, com suas enseadas,
portos e rios belíssimos, guardam perigos que jamais pensaríamos, ou
faríamos idéia viesse a assistirmos. E, aos poucos vai perdendo seu
status de paz e tranquilidade enquanto as autoridades, como no caso
do litoral paulista, estão preocupadas com o falso moralismo
ecológico e outros quitais meramente demagógicos.
Conversa para boi dormir!!!
Enganar a gente sem estudo,
formação acadêmica, cultural e sem educação é uma coisa, mas a
pessoas esclarecidas é outra completamente diferente.
Infelizmente nosso país tem sua
maioria de pessoas sem instrução, o que torna a coisa mais difícil
ainda de se modificar.
Enquanto os casais da classe
média tem no máximo dois filhos, os da classe pobre tem de seis a
dez. E, a resposta para tal aberração é sempre a mesma. Ter mão de
obra familiar e depois como diversas vezes ouvimos quando ainda mais
jovens e sonhadores éramos o Coordenador em Alagoas da Ação da
cidadania pela vida e contra a fome, conhecida mais como Campanha
contra a fome do saudoso Betinho.
Doto Sombra temos todos estes
filhos porque um vinga!!!
No interior de Alagoas, no sertão
daqueles tempos, o índice de mortalidade infantil, por nós
levantados, era de 80% para crianças de zero a seis anos.
E se os filhos todos vingam???
Questionávamos.
Uns vão ser bandidos Doto!!!!
A educação em nosso país, não
temos duvida nenhuma em afirmar, até com certo conhecimento de
causa, é o nosso caminho maior e urgente. Mas isto jamais virá a
ocorrer enquanto esta politicalha que aí está manipular as leis.
Pois sabem se o povo for esclarecido jamais se elegerão, nem mesmo
porteiros de bordel de quinta categoria.
Imaginem abrir o mercado para
importações de produtos náuticos, livre de impostos. Acarretando o
surgimento de novas marinas que por sua vez redundarão em geração de
milhares de empregos diretos e indiretos e por sua vez o maior
policiamento de nossas águas literoneas. Mas isto é uma blasfêmia.
O enorme parque náutico nacional
seria destruído!!!
Alegam os incapazes obreiros da
iniquidade, os idiotas que tem Fimose Celebral!!!
Nos recordamos do Presidente
Collor, quando liberou a importação dos automóveis, em pouco tempo a
indústria nacional passou a colocar no mercado veículos descentes e
não mais as “Carroças”.
Isto num mercado realmente
existente. E quem saiu ganhando foi a nação e sua população. O mesmo
sendo adotado para a indústria náutica, estaríamos em poucos anos
fabricando GPSs Radares, Rádios e eletrônicos diversos e até
exportando.
Mas isto é pensar com farol alto,
ver a distância e não este imediatismo demagógico e burro que aí
está.
Nos lembramos que em 91, nosso
amigo e velejador Cláudio Vieira, que fez a apresentação de nosso
livro CONVERSANDO COM O GUARDIAN, o que muito nos honra, era o
Secretário Particular do Presidente Collor, e enviamos a ele projeto
para criação da Guarda Costeira do Brasil.
Pois bem, o Adido Naval do
Palácio, se houve de forma frontal e antagonicamente contra o
projeto e ainda vociferou:
Presidente Collor, se V.Excia.
desejar romper o bom relacionamento com a ARMADA, é só levar esta
ridícula proposta avante!!!
E o projeto morreu no
nascedouro...
Não antevia o então Capitão de
Mar e Guerra o futuro e o crescimento de nosso parque náutico e da
nossa Amazônia Azul. Demonstrou não ver, nem querer ver ao futuro,
que agora aí está, com trágicos incidentes e episódios que redundam
no desaparecimento de gente notável com o ABEL.
Em um pais como o nosso e nossa
AMAZONIA AZUL, a náutica ser coisa de milionário é dos maiores
absurdos que conhecemos a nível internacional.
Tais posicionamentos e pensares
nos lembram em muito aquele dito popular quando perguntado a um
sujeito sobre o livro tal:
Não li e não gostei!!!
Em face de tal colocação dizer
mais o que???
Fica neste nosso texto, o
protesto, a revolta e o se sentir impotente, como vem ocorrendo em
nosso país com os homens de bem. E recordamos a Rui, o Águia de Haya:
...De tanto ver prevalecer as
nulidades, crescer a impunidade e as leviandades, se sente vergonha
de ser honesto...
Será que estamos redondamente
enganados???
O futuro é que dará esta
resposta... todavia não estaremos mais por aqui para assistirmos.
Deixamos com vocês, estimados
irmãos e Almirantas, a palavra e os pensamentos e a família de nosso
mano ABEL, o abraço de solidariedade, o que somente nos resta fazer
de longe, pois nestes casos e fatos tristes, somente o silencio é
eloqüente face tanta dor e o luto dos navegantes brasileiros.
João Sombra
Fevereiro de 2009
Opua - Bay of Islands
Nova Zelândia
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