CONVERSANDO SOBRE
CRUZEIRO À VELA VII
O tema que abordaremos
na conversa desta 5ª feira trata de algo de suma importância para
quem deseja fazer sua viagem volta ao mundo, refere-se da grana,
da munição e como ela chega até nós.
Quando começamos a 1ª
viagem, lá se vão mais de 11 anos, não havia a Internet ainda, aos
níveis de hoje, o sistema utilizado a época era o Fax. Além disto,
os cartões utilizados eram os de crédito. Comprava-se ou pagava-se
algo, ou alguma coisa no exterior e pagava-se no Brasil.
Era um verdadeiro
transtorno, tínhamos que ter todos os cuidados além de checar sempre
as faturas enviadas via Fax, pois não raro a mesma conta aparecia
duas vezes, em faturas diversas. Ainda havia a necessidade de termos
alguém que fizesse os pagamentos destas faturas, em tempo certo e
obedecendo aos prazos, caso contrário pagaríamos juros absurdos,
aliás, como são até hoje, extorsivos.
Normalmente um parente
ou amigo mais chegado, e depois de uns meses a coisa ficava
complicada, ou brigava-se com o parente, ou perdia-se o amigo.
Partíamos então para a
segunda sistemática, evitando-se o terríveis e temíveis cartões de
crédito, onde os problemas são os piores a mais estapafúrdios
possíveis. A remessa de numerário para o exterior.
O Banco do Brasil, que
detém o monopólio de remessa de dólares para o exterior e como não
há concorrentes em tal serviço, age da forma que deseja e a seu
bel prazer. Utiliza forma infame e vil o seu numerário para
aplicações financeiras em seu beneficio, benéfico dele obviamente.
Uma remessa feita para
nós, variava de 5 a 12 dias e de certa feita se extraviou, pelo
menos foi o que alegaram.
Tínhamos que fornecer um
endereço bancário, onde iríamos apanhar a remessa e as taxas eram
absurdas, pois pagávamos ao BB, ao Banco internacional, o operador,
e ao Banco onde iríamos receber o numerário.
Além disto, face aos
políticos brasileiros e outros da mesma postura fazerem remessas
ilegais de dólares para o exterior, o patrulhamento o fornecer
dados, comprovantes da fonte, etc, era uma burocracia inacreditável.
Não havia ainda a tecnologia impetrada pelo atual governo de
utilizar a cueca para tal sistemática. Isto somente viria a
aparecer após o governo da ética, da probidade e da moral chegar ao
poder.
Os cálculos dos dias, do
envio ao recebimento, tinha que ser muito bem programados. Nós,
adotávamos ainda a praxe de deter sempre uma reserva técnica de US$
500.00, para possíveis eventualidades face aos atrasos do BB.
Este monopólio, exercido
pelo BB, repetimos, é dos maiores absurdos que conhecemos, e como
não há concorrentes, o ranso, o tratamento mal educado,
preconceituoso e o descaso não encontram limites.
Passávamos em 1999,
quando de nossa primeira estadia na Austrália, a termos um endereço
bancário fixo, e suas vantagens. Abrimos uma conta no Banco WestPac,
e recebíamos um cartão de débito em conta. As retiradas feitas em
qualquer Caixa Eletrônica no mundo através da rede CIRRUS.
Acompanhávamos o saldo e o extrato via on line e nunca ocorreu um
único problema, o existente e ainda persistente era tão somente a
remessa exercida pelo BB, aquela lastima. Mas que tínhamos que
conviver com ela, não havia outro jeito.
Finalmente, quando
estávamos na Malásia, em 2003, apareceu o cartão de debito em conta
do BB, para retiradas de numerário nas Caixas Eletrônicas no
exterior. Todavia o cartão era VISA Electron, e nem todas as
Caixas Eletrônicas tinham este tal Electron, o que gerava na
prática um extremo transtorno. Tínhamos que procurar onde havia
Caixa com este tal Electron, e não era fácil.
Afora estes elementos
complicadores, por sua impecável e altamente profissional atuação,
ainda havia outras surpresas advindas do Banco do Brasil.
Quando numa ida da
Malásia a Singapura, pelos idos de 2004, ocorreu uma destas
simpáticas surpresas. Íamos a Caixa Eletrônica para fazermos a
retirada e recebíamos um comprovante dizendo NEGADO.
Pensávamos se tratar de problemas com aquela Caixa ou Banco local, e
recorríamos a outras e o mesmo acontecia. Não obstante os valores
estavam sendo debitados em nossa conta. Fomos a um Cyber Café e
atestamos todas estas retiradas sendo apostas em nossa conta
corrente como debito.
Só não dormimos
literalmente debaixo da ponte, graças ao Vice Cônsul da
Embaixada do Brasil em Singapura, o mano Décio, aquele amigo do
peito, e participe aqui do GG, que nos quebrou o galho literalmente.
Ajudando-nos financeiramente e ainda abrindo as ligações telefônicas
para podermos manter contato com o BB diretamente.
Foi aquele Deus nos
acuda!!!
Ainda havia outro
empecilho nas conversações, a diferença de 12 horas no fuso horário.
Quando era meio dia em Singapura, era meia noite no Brasil. Assim,
tínhamos que procurar um horário de compatibilidade o que não era
fácil.
Pode-se assim ter uma
idéia da confusão dos diabos em que estávamos metidos.
Face ao Gerente de nossa
agência, a época, ser o Adalberto, prestativo e amigo, é que em
quatro dias tínhamos este probleminha, resolvido. Entretanto,
o que e bom dura pouco e quando funciona menos ainda, e o Adalberto
foi transferido para outra agência e ficávamos novamente órfãos no
BB.
Todas as vezes, sem
exceções, que íamos fazer retiradas nas Caixas Eletrônicas, era um
suplício chinês. Rezávamos muito antes, se Igreja perto íamos nos
benzer, e como preventivo para possível ataque cardíaco adotávamos a
prática de utilizar uma pílula sub-lingual.
Isto persiste ate
hoje!!!
Nos paises ditos mais
avançados, onde a impunidade não é in toten, não há os
gatunos de plantão, a sistemática de retirada consiste em tão
somente apor a senha e o valor, não há necessidade das tais três
letras.
Aqui na Venezuela, a
coisa ainda complica mais, as Caixas Eletrônicas são programadas com
tempo, de sorte, ou azar, não o sabemos, demorou mais um pouco cai a
operação e tem que se começar tudo novamente. Além disto ainda há
necessidade de se apor os dois últimos números do passaporte.
Imaginem o tempo que levamos até aprender estes simples detalhes.
O cheque de nosso
extrato e saldo é realizado via Internet pelo Banco do Brasil on
line, pois as Caixas Eletrônicas no exterior não fornecem o saldo.
A fim de se prevenir
contra acessos ilegais em sua conta, o Banco do Brasil cadastra o
seu computador, e assim o fizemos, cadastrando nosso PCU no Brasil e
nosso LapTop no GUARDIAN.
Mas, este cadastramento
e tão somente uma mera aparência, para demonstrar alta tecnologia e
aquelas pomposas propagandas de marqueting, na pratica não é bem
assim.
Aqui em Margarita,
recentemente, tivemos uma visita intempestiva em nossa conta, com
computador cadastrado e tudo mais. Entraram em nossa conta fizeram
retiradas e até, pasmem, transferência de um banco para outro.
Mas os computadores não
eram cadastrados para evitar exatamente isto....
De imediato cartões
bloqueados, e nós inocentemente sem sabermos de nada, até que o
mundo cai em nossa cabeça. E, quem quiser reclamar que procure o
Papa. Aliás este ultimamente esta tão em baixa que nem adianta
procurá-lo.
A verdade é que com Papa
ou sem ele, ficamos literalmente pendurados na broxa!!!
Não fora termos ao lado
aqui na Marina de Hilton, o Alexandre e o Ygor do veleiro brasileiro
URUZ, estaríamos em terríveis apuros.
Eles, também com cartão
de débito em conta, mas do Banco Real, resolveram a situação. Foi
feito depósito na conta deles no Brasil e eles nos repassavam aqui.
De tal arte, a máxima do
cruzeirista, no que tange a assuntos bancários também prevalece.
Quem tem um, não tem
nenhum!!! E que tem Banco do Brasil principalmente.
Se torna de fundamental
importância trabalhar com dois bancos, com cartões de débito em
conta, de sorte que ocorrendo um problema com um tem-se o outro.
Hoje o tal VISA Electron,
já se encontra em todos os locais, um impeditivo a menos. Todavia
ainda persiste a clonagem de cartões, o acesso indevido a sua conta,
como ocorreu conosco, e outros óbices. Ainda bem que não somos
caseiro de ninguém e não vimos nada também!!!
Um outro expediente que
se pode também utilizar é que se tendo feito amizade com algum
lojista no local em que estamos, ele retira como se fora a compra de
algum produto em sua loja e nos repassa o numerário. O inconveniente
é que trata de um dinheiro mais caro, pois ele abate as taxas que
ira pagar a tal administradora do Cartão de Crédito.
Cada vez nos convencemos
mais que é fundamental termos a bordo sempre uma reserva técnica
para estas eventuais dores de cabeça.
Acabamos tomando
conhecimento que os dois melhores bancos, no Brasil, para tais
atividades são o First National City Bank e o Bank of Boston, os
nomes até já dizem o porque!!!
Entretanto, abrir conta
nestes bancos não é coisa fácil. São bancos estrangeiros que
conhecem a sistemática internacional e são fáceis de se operar.
Estes são bancos que detém normas muito rígidas de aberturas de
conta.
Assim estimados irmãos e
Almirantas, que desejarem também fazer sua viagem, tenham sempre em
mente duas alternativas bancárias, ou um gerente de sua agência tipo
Adalberto, caso contrário, o sonho poderá de uma hora para outra se
tornar um pesadelo, mormente se como nós, for um correntista do
Banco do Brasil.
E, como o exemplo vem de
cima, a melhor e única saída é afirmar:
─
Mas eu não sabia!!!
João Sombra
Maio 2007
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