,




 

 

 

 
 


Desde 10.03.2006
Número de Visitas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONVERSANDO SOBRE
CRUZEIRO À VELA VI

 

Estávamos em uma destas tardes magníficas, apreciando um belíssimo por do só em Margarita, de forma distraída, de nosso amigão, quando as poucas nuvens existentes, adquiriam a tonalidade rósea, tão característica e apontando o belo dia que seria o amanhã, e a velha oração do navegante vinha à mente: 

...Avermelhou no poente marinheiro contente...

Quando com o radio ligado na estação, Radio Nacional da Venezuela, apresentava uma entrevista com o Ministro do Turismo, que tecia comentários sobre o crescimento deste setor em seu pais. E, apresentava dados a respeito deste seguimento, que muitos paises ainda, seus dirigentes estão a esquecer ou mesmo não dando a menor importância, como e o caso do Brasil, cujos trabalhos e projetos são sempre realizados a nível governamental de forma pouco profissional e ate medíocre.

Na maioria das vezes e como de praxe nas empresas do governo, se encontram dirigentes despreparados, sem nenhum conhecimento técnico da área de atuação e sãos os tais prêmios por ter auxiliado na campanha presidencial ou então indicados da politicalha em troca das favores do governo, e aprovações de projetos deste no Congresso. 

A velha temática do dizer: 

E dando que se recebe, tão e sempre em voga em nosso pais para preenchimento dos cargos no primeiro e segundo escalões do governo, pode ser qual partido for que a sistemática e a mesma. 

Mas o fato, que nos chamou a atenção e tem a ver com o presente texto desta 5ª feira, foi que em certo momento o Ministro afirmava: 

....do inicio deste ano ate hoje (maio de 2007), cerca de 493 iates e veleiros estrangeiros chegaram à Venezuela. E com a próxima temporada de furacões no Mar do Caribe temos uma previsão de um aumento de 30% neste numero. E possível que fechemos o ano com um numero aproximado de 900 destas embarcações chegando a nosso pais.... 

Continuava fornecendo dados, números e estatísticas mostrando o crescimento do turismo venezuelano.

O que para nós de imediato causou a maior espécie, foi primeiro o número expressivo de embarcações estrangeiras, segundo o interesse do governo nestes números e depois o fato de um levantamento destes, o que não é algo difícil de se saber, basta tão simplesmente à informação dos Portos de Entrada no pais ser uma cópia enviada ao Ministério do Turismo.

Entretanto nosso pensar se deteve em estabelecer um aspecto comparativo com nosso pais.

O Brasil, que detém um litoral do dobro da Venezuela, com locais e navegadas extraordinárias, não recebe por ano 10% deste numero em termos de embarcações estrangeiras, mesmo porque não há o menor interesse em conhecer este indicador.

Obviamente que algo está em disparidade com o pensamento do setor turismo.

E qual seria o motivo deste indicador ser tão baixo.

Diversos motivos, e não somente um, estão e fazem parte deste contexto, senão vejamos:

Inicialmente o carro chefe, de não se querer ir ao Brasil em face de total falta de segurança, e não estamos falando de cidades e sim de mar, náutica. O que se vê, são os turistas chegando no pais de avião, em nosso aeroporto principal, ou mais conhecido, o Galeão e os turistas sendo assaltados dentro e fora deste a caminho de seus hotéis. Agora imaginem se chegando por mar.

Seguindo-se vem os absurdos que se tem que enfrentar para se fazer os papeis de entrada, onde funcionários despreparados e desqualificados, não falam uma só palavra de inglês e ainda desconhecem o processo.

Quando em 2006, estávamos na Marina da Glória para participarmos do Rio Boat Show, chegou ao local um veleiro australiano, como em contrapartida a atenções que recebemos em seu pais, agora era a nossa vez de auxiliar.

Atila, meu filho e Imediato do GUARDIAN, como acompanhante dos australianos, Paul e Debbie, foi a Policia Federal, com eles cerca de oito vezes. O maior dos absurdos que já vimos ou tomamos conhecimento em matéria de se adentrar em um pais de veleiro ou iate.

Nem vamos prosseguir neste assunto para não ficar mais chato ainda!!!

Por estas e por outras, que conhecemos muitos veleiros que navegaram o litoral brasileiro sem não manter o menor contato com as autoridades. Colocam a popa a Bandeira do Brasil, como se fora veleiro brasileiro, só param em pequenas cidades ou vilarejos, o que até se faz mais seguro, pois há menos violência urbana, e depois se escafedem.

Acabam fazendo excelentes amizades, se tornam conhecidos, e tudo flui da melhor maneira possível.

Outro aspecto desabonador é o que ocorre em Fernando de Noronha. Em tempos passados, os veleiros advindos da Europa, passavam pelas Ilhas Canárias, Cabo Verde e demandavam a Noronha, que inegavelmente é dos belíssimos locais de nosso litoral, e de lá aproavam para o Caribe ou em alguns casos desciam até Salvador, o maior centro turístico nacional, e de lá subiam o litoral nordeste, que é lindíssimo e de fácil navegar, até Fortaleza, e demandavam ao Caribe.

Pois bem, IBAMAS e outros órgãos desprovidos de bom senso, começaram a cobrar um absurdo por se estar em Noronha, que obviamente afugentou este seguimento turístico. O custo de vida hoje em Noronha se tornou tão caro que se pensa estar em um pais da Europa.

Ainda se soma a este descalabro em nosso pais, o absurdo que se paga por um produto náutico, se vendendo uma torneira de pia, simples, com um custo não superior a US$ 20.00 por R$ 550.00. Como aconteceu conosco pessoalmente em Salvador, na loja Regatta da Bahia Marina.

E, para finalizar este elenco de gols contra:

A polemica e ate hoje desconhecida medida, que estabelece o prazo de 24 meses para embarcações estrangeiras se manterem no Brasil. Desconhecida nacional e internacionalmente. Não se sabe ao certo de nada e sempre o ouviu falar. E, não adianta nos brasileiros sabermos desta lei, regulamentação, ou seja, lá o que for. O importante e fundamental e se divulgar lá fora nos demais paises para que se saibam, mas isto já e querer demais.

Assim, e passando a tecer reflexões para o futuro, a fim de reverter este quadro nada promissor para a náutica brasileira e seu turismo à vela, urge uma medida semelhante àquela adotada pelo então Presidente Collor, no que tange a respeito dos automóveis, as carroças da época.

Foi liberada a importação e o parque automobilístico nacional ganhou dimensão inimaginável, e muitos daqueles que hoje desfilam em carros modernos e de alta tecnologia, nas precárias ruas, avenidas e estradas de nosso pais, nem se recordam mais deste fato.

Pois bem, no seguimento náutico é imperioso e fundamental que se adote a mesma medida, liberando de taxações qualquer produto náutico importado desde um parafuso de aço inox de cabeça Philips (estrela) até a embarcações de pequeno, médio e grande porte.

Em muito pouco tempo, estaremos fabricando a preços competitivos e reais e não estapafúrdios, boas embarcações, equipamentos eletrônicos e tudo mais.

Tecnologia não nos falta, até mesmo ao contrário, temos profissionais fazendo coisas notáveis e como exemplo citamos o Roberto, o Betão de Ubatuba, e suas incríveis luminárias LED, perfeitas e por custos que os gringos ficam de boca aberta de tão baixos.

Em Maceió, quando lá estávamos fazendo a reforma geral do GUARDIAN, o maior problema seria a checagem e limpeza geral dos eletrônicos, que acabou se tornando a mais fácil.

No Porto de Maceió, fizemos amizade com o Wladimir, um expert em eletrônica, que rapidamente deixou nossos eletrônicos como novos e a um custo meramente simbólico.

E, nos reportava ele:

Sombra, não se faz GPS, Radar, Rádios, etc, em nosso pais por tão somente falta de peças, pois tem gente que sabe disto muito mais que lá fora!!!

Isto vale dizer que mão de obra temos, o que falta é vontade política de desenvolvimento. Aliás como em tudo em nosso pais, falta esta vontade e não aquela outra que existe sobejamente de aumentar seus próprios salários, e de forma constante, e fora da realidade do pais.

Ao se impetrar a medida de liberação da taxação nos produtos náuticos, desdobramentos irão ocorrer e em progressão cósmica, ou seja, mais embarcações, mais produtos, por decorrência mais Marinas e Clubes Náuticos, e de imediato o crescimento qualitativo e quantitativo do setor, gerando milhões de empregos diretos e indiretos, e, por conseguinte, aumentando o turismo náutico, interno e esterno, em um pais cuja vocação marítima esta adormecida desde os grandes descobrimentos.

Vejam que o nosso pais somente foi ter conhecimento de velejadores de cruzeiro nacionais a partir do final da década de 70. Enquanto outros paises estes velejadores já haviam feito centenas de viagens de circunavegação.

Este ao nosso ver, e com a experiência adquirida nos diversos paises que estivemos, é o caminho sério e real para o melhor desenvolvimento deste setor que comentamos em pauta.

Obviamente que não faltaram vozes negativistas, que embasadas em seus interesses pessoais, ou mesmo laranjas, irão defender o grande, notável, extraordinário e volumoso parque industrial náutico nacional, o mesmo que a época se fazia à medida do Presidente Collor. Bobagem, balela e besteira da mais proeminente, pois 90%, se não mais, dos produtos náuticos em nosso pais, e importado.

Obviamente que as REGATTAS da vida irão à loucura, pois não poderão mais cobrar por um GPS de US$ 350.00, o equivalente a R$ 5000,00. Exemplos deste tipo irão obviamente questionar de forma veemente tal medida.

Enquanto não se observar este setor, com visão maior, de farol alto, as coisas continuarão as mesmas, e menos de 50 veleiros de bandeira estrangeira estarão navegando em nossas águas e possivelmente muitos destes sem nem ter dado entrada legal no pais.

E, nosso litoral, a Amazônia Azul, belo e acolhedor, continuará a mercê dos IBAMAS, que embasados em projetos retrógrados e fora da realidade irão transformá-lo em coisas absurdas e fora de qualquer contexto de bom senso, como o recentemente projeto para o Arquipélago das Cagarras, no Rio de Janeiro.

Por sorte ainda temos a VIVAMAR, e outros abnegados, que reuniram a sociedade para obstar tal idiossincrasia e fazê-los a contra gosto aproximar-se da razão.

Poderíamos ainda continuar muita lauda neste tema, inclusive mostrando a nossa Marinha quanto ela cresceria em termos maiores, pois é inesgotável os fatores pro liberação da importação de produtos náuticos. Todavia, os que já colocamos nesta conversa, já demonstram sobejamente, nosso pensamento a respeito.

E, irmão e Almirantas, reflitam em sobre o tema, e agreguem outros fatores desenvolvimentistas, pois quem sabe, se distraídos, os políticos brasileiros aprovem tal projeto que só visa o crescimento da náutica em nossa nação.


 

 João Sombra

Maio 2007
 


  
Retornar à TEXTOS DAS 5ª FEIRAS