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BOM SENSO

Recentemente aqui em nosso GG, foram apresentadas situações que nos levaram ao presente texto, e que faz parte do trinômio onde se encerram elementos de vital importância para aqueles que são cruzeiristas ou pensam em sê-lo. Nos referimos à: DETERMINAÇÃO, EXPERIÊNCIA e BOM SENSO.

Os dois primeiros vocábulos abordamos em nossos textos da últimas 5as feiras, próximas passadas. Hoje estaremos tratando exatamente deste último e tão necessário, o BOM SENSO, principalmente para aqueles irmãos ou Almirantas que perseguem o sonho de fazer a sua viagem volta ao mundo em seu veleiro.

Os relatos e situações que nos referimos no início, na verdade são mais que isto são depoimentos apresentados por notáveis irmãos a quem nutrimos grandes amizades, e sobre tudo, respeito. Os depoimentos são de nosso colega na CAIXA, Mário Engles, e de nosso especial irmão Rocha, o “Rochinha” do veleiro PIPA, exponencial velejador de Brasília.

Ambos faziam regatas, ambos são notáveis velejadores e ambos optaram pelo BOM SENSO. O primeiro na Regata Noronha / Natal e o segundo na Regata ÀS 24 HORAS DE BRASILIA.

No primeiro caso, Engles tratou de relatar a decisão tomada pelo Capitão do veleiro onde era tripulante, nosso também irmão Jovito, em seu PAREO, de Maceió.
 

Por questões maiores de segurança da embarcação e estafa da tripulação houveram por bem abandonar a Regata, nada se colocando em risco e rumando ao Iate Clube de Natal sem problemas maiores. Decisão correta, sensata pautada no BOM SENSO e que deve servir de exemplo para muitos cruzeiristas. 

No outro depoimento, Rochinha após um dia de terrível sol e calor, não se encontrando fisicamente bem, pressentindo que poderia ter uma insolação ou algo pior, optou por estabelecer o abandono da Regata, demonstrando também de forma inequívoca o BOM SENSO.  

Apresentado os depoimentos de guerreiros autênticos da vela de cruzeiro, se faz mister louvá-los e não poupar nos elogios em bom e alto som, em nosso caso aqui especifico, dar ênfase na escrita.

 Vejamos pois, que como colocado anteriormente, a EXPERIÊNCIA, embasou e esteiou o BOM SENSO.  Coisa que se muito dos navegantes o fizessem se evitaria em uma cascata de acidentes que ocorrem em nossas águas, de forma constante.

Tomemos como mero exemplo, o proprietário de uma embarcação que passa o sábado todo bebendo e na hora de retorno ao porto quer mostrar a seus amigos e convidados sua experiência e técnica no dirigir sua embarcação. Fatalmente, o sabemos e bem, ocorrerão acidentes, que podem variar de um simples até um albarroamento seguido de naufrágio e perda de vidas humanas. No caso específico, além da ausência total do BOM SENSO, agravou-se o fato pela irresponsabilidade.

 Esta palavra “irresponsabilidade” é de fundamental importância para nós navegantes, pois sempre que nos olvidamos do BOM SENSO, ela se apresenta com coadjuvante permanente de nossas ações. 

Estamos cansados e estafados de saber e tomar conhecimentos de episódios, onde a ausência do BOM SENSO gerou situações críticas que acabaram acarretando danos sérios, não somente a própria embarcação, mas as de outros também.  

Isto é gravíssimo, não só para nossa embarcação, mas e sobre tudo para as outras, que sofrerão danos causados face a nossa ausência de BOM SENSO agravada pela irresponsabilidade. 

Quantas situações críticas, podem e poderiam ser evitadas se adotassem o BOM SENSO!!!

Mas não, a vaidade, o orgulho ferido, e outros tais, como o perder a pose de Capitão de Copo de Cerveja de Clube, leva a desastres e acidentes desagradáveis que acabam gerando histórias, tidas como exemplos nefastos e até algumas destas, por vezes, passam a ser referenciais náuticos com fins lucrativos de se vender livros. 

...Fulano de tal, saindo com seu veleiro do local tal de repente topou com uma terrível tempestade que arrancou o seu mastro, por sorte chegaram ao porto que estava perto...

Sem comentários!!!

Nós cruzeiristas devemos estar sempre intimamente sintonizados com o BOM SENSO e obviamente quanto mais e maior é a EXPERIÊNCIA, mais e maior é também o BOM SENSO, pois é ela que esteia este último.

São questões de BOM SENSO, dentre algumas:

─ Em navegadas noturnas, os plantões ou turnos serem bem específicos, as luzes de navegação estarem em perfeitas condições, Radar ligado, quando houver. Pontos corretamente marcados e checados sempre através do GPS. Estar atento aos ventos e correntes para adequar-se ao abatimento. Estar com o Rádio VHF sintonizado no canal 16, isto dentre outros e servindo tão somente de exemplo.

─ Nunca sair para uma velejada, mesmo a mais simples, sem conhecer de forma plena as condições de tempo. Em caso de dúvida fique no porto, aguardando a situação desejada.

─ Nunca colocar a embarcação em risco ou levá-la ao limite, Cruzeiro não é Regata, é de fundamental importância que sempre se aponha este pensamento.

─ Água do Mar e Álcool são dois líquidos que não se misturam!!! Numa ancoragem uma confraternização entre amigos, numa Marina, ou coisas similares, onde depois não se tenha que sair velejando, é admissível e até mesmo prazeroso. Mas velejando, ou navegando, nunca.

Temos ouvido absurdos do tipo, ...Quando dois veleiros se encontram de imediato se tem uma regata...

Isto é da maior estupidez, pode até ocorrer quando óbvio, se tratam de veleiros que tem em seu timão aqueles que curtem regatas. Normalmente cruzeiristas autênticos não pensam desta forma. 

O velejador de cruzeiro quer curtir e saborear seu vento, seu mar, seu veleiro, a situação em que está envolvido. Um belíssimo por do sol, dourando a tripulação. Ancorado numa bela enseada aproveitando o final da tarde e seu esplendido silêncio e calma.

Ver o bailar dos golfinhos acompanhando o seu veleiro, numa límpida e cristal água.

Ter os seus tempos, momentos e movimentos ditados pela tranqüilidade longe do estresse da cidade, da urbes, que se encontram fora deste contexto, de disputas acirradas e coisas sem expressão.

Levar o estresse citadino para seu veleiro de cruzeiro é o transformá-lo em momentos de dissabores para todos a bordo.

Sempre estar atento a sua tripulação, tratando com elegância, amizade, respeito, sabedoria e BOM SENSO. Evitando estabelecer comparações que somente criam óbices para um bom inter-relacionamento.  

Quanto se ganha de EXPERIÊNCIA e BOM SENSO num cruzeiro volta ao mundo!!! Sem pressas, como colocava Hélio Setti, para nós um expoente em termos de cruzeiro à vela pelo mundo, para nós o maior deles: ...a idéia é fazer a volta ao mundo, e não correr em volta do mundo...

A tranqüilidade de ações fazem parte do BOM SENSO, ao contrario avoca a irresponsabilidade.

No mar, cada dia é um aprendizado diferente, uma nova aula. Ele está a nos ensinar tudo, e conhecendo sua informações a sua escrita fica fácil. Para quem sabe ler pingo é letra. Agora, não conhece a sua escrita, não quer observar seus ditames e enfrentar, bem depois não se arrependa. 

A EXPERIÊNCIA nos fornecerá bons instrumentos, nos municiará com o que há de mais notável, todavia com a DETEMINAÇÃO e o BOM SENSO como aliados, à viagem será sempre uma sinfonia de alegrias, momentos de êxitos e de recordações, que estarão para sempre gravados de forma indelével em nossas memórias. 

Tenha sempre em mente, no se preparar para sua viagem, que suas ações atraem ações similares, se trata bem, recebe o bem, se pensa o bem, o recebe de retorno. Quando o Universo está em sintonia e afinado com seu pensamento, as coisas difíceis se tornam fáceis e as impossíveis se realizam. 

Isto é mais do que BOM SENSO é o seu prolongamento, sua extensão. Mas este é o tema de nosso próximo texto; 

O SEGREDO E O CRUZEIRO A VELA!!!


João Sombra
Ilha de Margarita
18 de outubro de 2007

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